Originar Narcissister para (I)legitimar a Carne

 

Mannequinde Narcissister

 

É claro que eu não uso máscara durante todos os dias do curso da minha vida e isso é uma escolha; pode-se, inclusive, descobrir o meu nome verdadeiro. No entanto, eu não sou a Narcissister sem a máscara e não havendo alguém para usar a máscara, a Narcissister não existe. [1]

 

Compreendemos que o ritual e a performance conduzem as pessoas para uma “segunda realidade” [2], separada da vida comum, sendo assim, com sua máscara, a pessoa que se veste de Narcissister vive essa “segunda realidade” e, então, ela é a própria Narcissister e não uma pessoa caracterizada de uma personagem chamada Narcissister. Essa é a característica performática do seu trabalho, que, de forma alguma, pode ser comparado com a lógica teatral, porque, inclusive, quem assina a obra é a Narcissister e não uma outra pessoa que é autora de uma personagem. Ela é (e não finge ser) a personagem.

A única identidade que conheço é a encoberta pelo rosto artificial: a Narcissister. Sobre a que existia antes do advento da faceta que mistura boneca e humano, que dá lugar à existência de um novo sujeito, não tenho nenhum conhecimento, embora Narcissister, num jogo duplo (esquizofrênico), misturando as duas identidades, tenha me explicado (em primeira pessoa) a sua existência, mas sem se apresentar com nome ou quaisquer indícios que me levassem a tal descoberta.

É, portanto, num limbo de performer/personagem que Narcissister assenta a sua produção para fazer aflorar os discursos a partir da sua materialidade carnal (i)legítima. “Quanto mais as formas são irreais, menos claramente elas se subordinam à verdade animal, à verdade fisiológica do corpo humano” [3]. A partir dessa afirmação de George Bataille, podemos pensar acerca da necessidade humana de negar a sua natural condição de ter uma matéria pouco durável, transitória, deteriorável. Nas humoradas concepções performáticas de Narcissister – artista-personagem norte-americana que produz vídeos, fotografias, espetáculos ao vivo, entre outras expressões artísticas – vemos principalmente elementos da colagem (bi e tridimensional) em trabalhos que reúnem diretamente um magistral teor que aborda essa temática juntamente com as neuroses contemporâneas em um corpo construído, composto por bonecos/manequins e corpo humano, mesclado de plástico e outras parafernálias além da sua própria pele e carne, erigindo, com isso, uma caricatura que tão bem representa a inerente realidade que nos cerca, baseada em corpos supostamente “perfeitos” comumente submetidos às rigorosas dietas, aos intensos treinamentos de musculação, às invasivas cirurgias plásticas, entre outras formas de obter uma autoimagem que possa satisfazer uma atroz exigência do mundo contemporâneo em prol de um perfil corpóreo inumano que nos represente como almejamos nos ver em nossos espelhos.

 

Narcissister, Narcissister is You, 2010

 

Como uma espécie de celebridade e sex symbol, Narcissister cria paródias corporais a partir de catálogos e editoriais de moda, de revistas eróticas e de imagens que exercem fascínio sobre os sujeitos atuais, que buscam em todos esses corpos fantasmagóricos os referenciais apropriados para a estruturação dos seus. Essa ideia pode ser absolutamente confirmada no vídeo Winter/Spring Collection [4] (2013), feito em parceria com A. L. Steiner.

Em quase toda (ou absolutamente em toda) sua trajetória, Narcissister constrói um conjunto de corpos que, naturalmente, devolve nosso olhar, por exemplo, para uma fotografia de uma colagem escultural de Man Ray intitulada Cabide (1920/1921) ou para as composições Untitled #250 e Untitled #255 (ambas de 1992) de Cindy Sherman. Em suas composições, a artista traz o Mito do Narciso para a contemporaneidade, contextualizando o atual universo feminino em sua concretização de um corpo irreal, mas que bem alude às mulheres que se reconstroem tal e qual às imagens que elas veem tratadas em Photoshop antes de estamparem revistas e catálogos de moda. Essas mulheres reais adquirem, por vezes, aspectos tão falsos, tão fora da realidade, que elas, muitas vezes, parecem ser de cera ou de plástico como parte do corpo de Narcissister.

 

Frames de Winter/Spring Collection, 2013. Vídeo de Narcissister em parceria com A. L. Steiner

 

Pessoas sem braço, sem umbigo, com duas axilas, magras de forma tão absurda que só mortas (ou moribundas) atingiriam tanta discrepância em relação a um plano real são exemplos de corpos vistos em muitas campanhas publicitárias que nos circundam. Profissionais que usam o recurso de certos programas de edição de imagem (como o Photoshop) deixam, por vezes, vazar certas figuras que nos alertam não só para a mentira evidente, mas também para a “verdade” que pode e deve ser sempre alvo de desconfiança. Nos ilusórios corpos “perfeitos” podem existir imperfeições mundanas por detrás das descomunais dissimulações e essas “deficiências” é que são perfeitas de verdade e que precisam ser aceitas como são, porque são coerentes, reais, humanas. Talvez uma das críticas que Narcissister esteja fazendo nas suas irônicas e bem-humoradas composições seja justamente essa com relação ao que absorvemos da mídia ao considerarmos como lógicos os ilógicos ideias de beleza presentes na mídia.

Sob seu corpo ornado/reconstruído pelo auxílio de órgãos artificiais, percebemos o que o antropólogo francês David Le Breton denominou como “extremo contemporâneo”, expressão que aborda o corpo cada vez mais próximo de ser um corpo reconstruído (corpo-máquina muitas vezes) contra um corpo pleno. Vemos, no sujeito que pratica tal tipo de transformação, a busca pelo total controle de si e do seu próprio corpo e, ao mesmo tempo, um narcisismo exacerbado próximo de uma vontade de potência niilista.

É válido lembrar que a relação entre o humano e a máquina ocupou lugar de relevo nas análises da Bauhaus sobre a arte e a tecnologia, assim como nas abordagens dos performers ligados ao construtivismo russo ou ao futurismo italiano. Os figurinos da oficina de teatro da Bauhaus eram desenhados de modo que a figura humana se metamorfoseasse num objeto mecânico, sendo esta uma redefinição da silhueta humana bastante trabalhada, inclusive, pelo performer Stelarc, o qual, dentro das suas propostas performáticas realizadas desde as últimas décadas do século XX até hoje, “retira o potencial do humano e apresenta o corpo como obsoleto, como uma estrutura ultrapassada” [5]. Stelarc procura expandir, por meio da tecnologia e da robótica, “as capacidades sensoriais, operacionais, funcionais, perceptivas e motoras do ser humano” [6]. A respeito desse corpo pertencente ao que Stelarc chama de “pós-evolucionismo”, o corpo ciborgue, compreendido em uma dita pós-humanidade, Le Breton afirma:

 

O corpo é obsoleto, despojado de valor, tornado insípido e suscetível de todos os emparelhamentos tecnológicos ou de todas as experiências extremas para ampliar suas possibilidades, suprimi-lo ou converte-lo em simples suporte. [7]

 

“A era darwiniana está se extinguindo” [8] e Narcissister, performer que surgiu já quase na segunda década do século XXI, mostra-se completamente consciente dessa afirmativa, porque, sem dúvidas, em suas concepções, vemos o quanto “o corpo antigo tornou-se anacrônico” [9].

Ultra carregada de erotismo, Narcissister evidencia que o corpo em si já representa o pecado original, “a mácula de uma humanidade da qual alguns lamentam que ela não seja de imediato de proveniência tecnológica. O corpo é um membro supranumerário, seria necessário suprimi-lo” [10]. Narcissister, como uma metáfora estereotipada da atual sociedade escrava da aparência, revela a enorme disposição para melhorar a sua própria matéria-prima, sendo um corpo tomado como um suporte a ser aperfeiçoado, tal e qual os ornamentos que lhe atribuem a aparência desejada.

 

Narcissister, Self-Gratifier. Fotografia de Kristy Leibowitz

 

Em Self-Gratifier, Narcissister pedala uma bicicleta ergométrica totalmente adaptada para que possamos ver um objeto a lhe proporcionar um ardente prazer, infligindo-lhe inclusive a dor associada ao deleite em chicotadas constantes vindas de uma roda situada atrás do seu corpo e que é acionada pelos pedais, ou seja, de acordo com a sua própria vontade. Trajada com roupas e acessórios usados em academias de ginástica, ela desvirtua o exercício feito em prol da saúde e do bem-estar para o seu bel-prazer, subvertendo a bicicleta ergométrica para lhe conferir um novo significado que retoma a indústria do sexo e gozo sem a necessidade de um parceiro. Com esse trabalho, Narcissister exibe a mulher autônoma e capaz de satisfazer seu próprio desejo, destronando uma lógica falocêntrica, pois apesar de usar um objeto que lhe propicia o deleite, é sem um parceiro do sexo masculino que ela se realiza.

Há um deboche com relação à conduta sexista em grande parte das suas produções, quando ela, ao mesmo tempo que se coloca como uma espécie de mulher-objeto, escrava do artifício e em busca da beleza, autossatisfação e atratividade na caça pelo olhar de desejo de quem a observa, zomba desse estereótipo que tenta a todo e qualquer custo agradar o anseio do outro.

 

Narcissister, Man/Woman. Fotografia de Tony Stamolis

 

Ao som de “Photograph” da banda de rock Def Leppard, no vídeo Man/Woman, a artista, apoiada no puro sarcasmo no que diz respeito à conduta heteronormativa, apresenta-se travestida como um tipo de homem ogro a masturbar-se enquanto contempla um corpo feminino numa revista erótica. Na revista, há um pôster de Narcissister (mulher) estampada, provocante em seu biquíni cor-de-rosa, luvas de renda branca, cabelos loiros encaracolados e unhas postiças. Gradativamente, de homem, ela vai assumindo a forma feminina tal e qual constava na revista, como se a imaginação dele pudesse tornar real a imagem antes bidimensional. Por um lado, vemos uma transa entre os dois personagens, na qual Narcissister é quem termina por comandar e abusar do sexo oposto, mas, por outro, vemos o processo de transformação do homem que assume uma nova identidade sob o gênero feminino, matando, assim, o sexo masculino que antes ali estava. Por fim, a transa transforma-se em uma masturbação de Narcissister a contemplar a sua própria imagem estampada no pôster da revista até que, ao atingir o orgasmo, ela abandona o ambiente segurando um skate. 

Talvez o alcance do discurso impresso nessas composições visuais dessa artista esteja muito além da crítica à sociedade patriarcal, pois o que vemos é uma exposição do completo hedonismo associado ao narcisismo, sendo, então, algo que transcende um corpo hétero/homossexual. Talvez a artista nem queira, também, versar sobre a forma como a mulher é ainda submetida à condição de objeto de consumo ou provar que ela pode se satisfazer sozinha. Talvez, o sentido esteja para além disso e queira tratar mesmo da maneira egocêntrica em que todos(as) nós nos encontramos ao buscarmos, de forma exagerada, a nossa própria satisfação acima de qualquer coisa.

 

Narcissister, Hot Lunch. Fotografia de Tony Stamolis

 

Em Hot Lunch, vídeo em que Narcissister demonstra o lugar do corpo e da imagem na cultura do consumo (não só da sociedade norte-americana), ela se expõe como uma atendente do desejo do outro ao embaralhar produtos alimentícios com membros artificiais que se fundem com a comida, a qual supostamente seria servida. Mas, sob a música “Hot Lunch Jam”, de Irene Cara, ao mesmo tempo que seus gestuais teatralizados sugerem que alguém está fazendo as encomendas numa lanchonete cenográfica, na verdade, ela se encontra sozinha no local, ou seja, tudo que faz é unicamente para si e para mais ninguém. É puro hedonismo/narcisismo.

Em Narcissister is You, por exemplo, a artista explana que essa noção pertence, da mesma forma, a toda sociedade. Ela convida mulheres e homens para vestirem a sua máscara em suas vidas cotidianas com a finalidade de serem fotografadas(os) com tal dissimulação.

 

Pessoas vestidas com a máscara de Narcissister para o projeto Narcissister is You

 

Em residência artística organizada pela Art in General Gallery e pela HDLU/Croatian Association of Artists in Zagreb, Narcissister elaborou Still Life Collage (2009), uma série fotográfica de colagens/natureza-morta, misturando objetos icônicos que compõem a sua exterioridade com outros achados no mercado das pulgas em Zagreb, capital da Croácia. Nessa série, percebo estreita relação com uma composição visual intitulada ARTificial (2008), a qual realizei em parceria com Fernanda Dias de Moraes. Juntos, moldamos uma colagem de membros recortados de revistas de moda sobre o real rosto infantil feminino, compondo, dessa forma, uma face artificial que mesclava um rosto bidimensional adulto de papel sobre a inocente faceta tridimensional de uma criança. As palavras “Wild” (escrita no indumento) e “ARTificial” (em uma placa) compõem a dualidade presente na imagem gerada a partir da ação.

Em Still Life Collage (2009), vemos as partes removíveis do corpo de Narcissister dissolvidas em recortes de revistas, perucas, óculos, laços de fitas de cetim, laços de acrílico, colares vintage, partes de manequins de loja, cigarros, telefones antigos e/ou detonados, vasos, etc.

 

Narcissister, Still Life Collage, 2009

 

Os trabalhos de Narcissister contêm a presença absoluta do humor, o forte apelo sexual, mas, sobretudo, uma visão crítica (mas não apenas) de como a sociedade de consumo é caracterizada pelo comportamento narcisista e hedonista, avaliando de que maneira o consumo é uma forma simplificada de conquistar a autorrealização. Sua produção funciona como uma alegoria da nossa atual sociedade, a qual é inspirada pelo prazer e pela conquista da própria satisfação. Narcissister demonstra como o corpo é um “vetor eficaz” e, nesse sentido, um suporte concreto e sensível para refletirmos o nosso amor próprio, pois, com ele, podemos esclarecer diretamente as nossas capacidades e sentidos. Dentro de uma lógica capitalista, emerge o sujeito interessado em saciar unicamente o seu próprio prazer através do consumo e, então, o seu corpo, principal veículo da sua manifestação individual, pode ser moldado conforme o padrão cultural de beleza ditado na contemporaneidade.

Com Every Woman, Ass Vag, Mannequin, além dos trabalhos já mencionados, ela cria uma analogia aos corpos obcecados pela magreza, aos body builders mais radicais, às exageradas recorrências às cirurgias plásticas, às chamadas “síndromes dismorfofóbicas” (bulimia, anorexia e vigorexia), entre outros tantos comportamentos hoje tidos como corriqueiros, mas que, outrora, muitos deles foram tidos como patológicos.

A produção de Narcissister lança, nomeadamente, o questionamento em detrimento de uma resposta absoluta, fazendo valer a afirmação de Le Breton quando diz que “é pelo seu corpo que você é julgado e classificado” [11], mas, especialmente, é o conjunto de palavras do fotógrafo Phillip Toledano que bem se encaixa nas múltiplas indagações que advêm das suas criações: 

 

Acredito que estamos na vanguarda de um período da evolução humana induzida. Um ponto de virada na história em que estamos começando a definir não só o nosso próprio conceito de beleza, mas da própria fisicalidade. Beleza sempre foi uma moeda, e agora que finalmente temos os meios tecnológicos para cunhar a nossa, quais escolhas que fazemos? A beleza é confirmada pela cultura contemporânea? Pela história? Ou é definida pela mão do cirurgião? Quando nos refazemos, estamos revelando nosso verdadeiro caráter ou estamos arrancando nossa própria identidade? [12]

 

Narcissister, Boobs (à esquerda) e Ass Vag (à direita), registro de Tony Stamolis

 

***

 

TALES FREY: Qual é a sua principal investigação artística, quando você opta por criar, com humor e erotismo, um novo tipo de beleza sobre o seu corpo?

 

NARCISSISTER: A investigação vem de muitas fontes. Quando ouço uma música que me inspira ou que tem uma mensagem que quero subverter. Quando fico inspirada por uma ideia de fantasia. Quando fico entusiasmada para desenvolver e moldar uma ideia para um trabalho. Impressionantes acontecimentos na minha vida pessoal me inspiram ou obrigam-me a fazer um determinado trabalho. Inspiração é algo misterioso. As pessoas vão me perguntar como tive uma ideia e, na maioria das vezes, não posso relacioná-las com uma fonte. As ideias simplesmente vêm a mim. E eu sou grata por isso!

 

TALES FREY: Evidentemente, vejo todo o seu trabalho como uma clara noção que envolve o narcisismo exacerbado do sujeito contemporâneo em uma grande multidão de objetos de consumo.

 

NARCISSISTER: Sim, esta é uma interpretação superficialmente clara do meu trabalho. Há outras camadas pessoais, mais profundas e de mais significado também.

 

TALES FREY: Quando e como é que você começou esse projeto como Narcissister?

 

NARCISSISTER: Comecei o projeto em 2008. Na época estava interessada em ir a shows burlescos aqui em Nova York. Percebi que tanto com a minha dança profissional como com as artes visuais, eu poderia fazer algo semelhante, mas com mais valor artístico e com maior conteúdo político. Eu sabia, desde o início, que não gostaria de realizar os trabalhos sendo eu mesma; queria cobrir o meu rosto e criar um outro.

 

 

NOTAS

[1] NARCISSISTER. Conversa obtida através de troca de e-mail no dia 03 de março de 2014.

[2] SCHECHNER, Richard. apud. LIGIÉRO, Zeca (org.). Performance e Antropologia de Richard Schechner. Rio de Janeiro: Mauad, 2012, p. 50.

[3] BATAILLE, George. O Erotismo. Porto Alegre: L&PM, 1987, p. 94.

[4] Vídeo disponível no site da Revista Artforum em: http://artforum.com/video/id=41112&mode=large&page_id=0 (Consulta realizada em: 11/02/2014).

[5] PIRES, Beatriz Ferreira. O Corpo Como Suporte da Arte. São Paulo: Senac, 2005, p. 95.

[6] Ibidem, p. 96.

[7] LE BRETON. David. Adeus ao Corpo: Antropologia e Sociedade. Campinas: Papirus, 2007, p. 52.

[8] Ibidem.

[9] Ibidem.

[10] Ibidem, p. 15.

[11] Ibidem, p. 31.

[12] TOLEDANO, Phillip. A New Kind of Beauty. Verona: Dewi Lewis Publishing, 2011, s/ página.

 

 

PARA CITAR ESTE TEXTO

FREY, Tales. “Originar Narcissister para (I)legitimar a Carne”. eRevista Performatus, Inhumas, ano 2, n. 9, mar. 2014. ISSN: 2316-8102.

 

Revisão ortográfica de Marcio Honorio de Godoy

© 2014 eRevista Performatus e o autor

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