Valentine de Saint-Point, Poema intitulado Nijinsky. Ilustrado com um desenho de Léon Bakst. 30 de dezembro de 1911. Coleção de Adrien Sina
Nijinsky
Valentine de Saint-Point
Um movente raio de ouro
Em uma expansão de glória,
Sem esforço,
Sem vitória;
Uma linha móvel
E curva e reta sem ruptura,
Juvenil
Sempre pura:
Flexível como o vento
Insinuante,
Rápida como um relâmpago.
Riscando o ar
Sutil como o pensamento
Que cria.
E é um corpo
na sua ascensão [1],
ele se lança, é o homem,
ele se dobra, é a mulher
ele salta, é a criança,
Arcanjo ou gnomo,
ele é a alma
Do instante
Força e graça
Ele povoa o espaço;
De essência divina
Ele é andrógeno.
E é o mar e é o vento,
O movimento,
E a luz e a música,
O ritmo.
E é a perpétua metamorfose
No ideal apoteose;
O triunfo da utopia,
A vida;
No canto carnal de um gesto
É limitado
É infinito.
Luz na luz.
Ele se move;
E a terra
Parece pôr seus pés de fogo;
Ele a toca e em um salto sem igual
Ele reflete estendido em direção ao sol.
Ele voa
Mas procuramos em vão suas asas.
Somente seu desafio brilha
E transgride.
O ritmo o possui,
Tudo cede;
E ébrio de cadência
Ele dança.
NOTA
[1] Nota da Tradução: A palavra utilizada essor em francês pode ser sinônimo de desenvolvimento, mas é também o termo para indicar o movimento dos pássaros ao principiar o voo; acredito ser este o sentido buscado no texto, pois as frases subsequentes enfocam movimentos corpóreos. Daí nossa opção por traduzir o termo por ascensão.
PARA CITAR ESTE POEMA
SAINT-POINT, Valentine de. “Nijinsky”. eRevista Performatus, Inhumas, ano 2, n. 11, jul. 2014. ISSN: 2316-8102.
Tradução do francês para o português de Suianni Cordeiro Macedo
Revisão ortográfica de Marcio Honorio de Godoy
© 2014 eRevista Performatus e a autora
Texto completo: PDF