Engordurando Fronteiras: Dez Instantes a partir do Projeto de Performance “A Natureza da Vida”, de Fernanda Magalhães

 

Se fazer gordice é praticar a

liberdade do gozo, e se para fazer

gordice é necessário ser gordx, não

me inveje: engorde. [1]

 

1.

Uma mulher gorda e de braços abertos está nua na dobra de uma esquina, no meio de uma ponte, num parque devastado, em frente à estátua de uma praça ou dentro de uma sala de galeria.

 

2.

A série A Natureza da Vida, de Fernanda Magalhães, consiste em um projeto de performances realizadas em espaços públicos como ruas, parques, praças, universidades e outros. A performer convida diferentes artistas para fotografar e/ou filmar suas ações que, na maior parte das vezes, estão relacionadas à presença do seu corpo nu no espaço, interferindo na paisagem. A duração das ações depende das especificidades de cada local ou evento. Magalhães pode permanecer no espaço ou só tirar a roupa para fazer uma foto e, logo em seguida, vestir-se de novo. As ações ocorrem por razões diferentes e a escolha dos lugares pode estar relacionada a uma causa política, como na ocasião em que Magalhães performou no Bosque Central de Londrina, em protesto contra a destruição e retirada de árvores do local [2].

Desde o ano 2000 diversas performances [3] foram realizadas em ambientes distintos, dentro e fora do Brasil.

 

3.

Fernanda Magalhães é artista visual, fotógrafa, performer e professora. Ela nasceu em Londrina (PR, Brasil), em 1962, formou-se em Educação Artística pela Universidade Estadual de Londrina em 1984 e é especialista em fotografia pela mesma Universidade onde atua como docente vinculada ao Departamento de Arte Visual. Desenvolve seu trabalho em Londrina, mas também em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba, tendo exposto algumas de suas obras fora do Brasil.

Mesmo nascida e criada em solo brasileiro, a performer não escapa do sentimento de não pertencimento em relação à sua terra e aos seus pares. Diferente de muitos artistas que foram exilados, situação em que a experiência de não pertencimento pode ocorrer como consequência de um embate entre culturas e hábitos, o sentimento que atinge a artista é fruto de outra natureza de deslocamento, é reflexo direto da ação de uma grande parcela da sociedade brasileira que reproduz normas de conduta e aparência (para não citar todas), impondo modelos de vida e de relação.

Se consideramos que a experiência de não pertencimento pode não estar só ligada a questões macropolíticas, como a diferença territorial e/ou cultural, quando falamos do corpo – do corpo enquanto objeto autônomo e veículo de sua própria narrativa – o espectro da experiência se alarga e adentramos em espacialidades até então submersas. Nessas mediações, da experiência de ser corpo em movência e fazendo mover, é que podemos perceber o enquadramento de corpos e dos saberes sobre os corpos no qual estamos inseridos. Com o seu corpo obeso, de dimensões dilatadas, Magalhães parece ser estrangeira em sua própria terra, sendo alvo de insultos, críticas, fobia e preconceito.

A experiência do não pertencimento, do corpo que é rejeitado, ridicularizado e guetizado reserva para a performer o lugar da abjeção. “Esse termo, abjeção, se refere ao espaço a que a coletividade costuma relegar aqueles e aquelas que considera uma ameaça ao seu bom funcionamento, à ordem social e política” (Miskolci, 2012, p. 24). Para tornar pública a vivência abjeta, a performer desloca aquilo que é costumeiramente considerado como da esfera privada (a nudez do corpo) e elege o seu próprio corpo gordo como um dos elementos centrais de sua poética performativa.

O seu corpo gordo, que não encontra abrigo nos espaços de sua própria casa, apresenta a experiência da abjeção em obras que revelam a potência de um sujeito que negocia sua identidade ao mesmo tempo que a constrói. Movimento paradoxal por natureza, o ato de definir-se, ou de se dizer corpo, implica em duas esferas distintas da ação: a de fincar raízes e simultaneamente expandir o seu próprio território. Marcar a paisagem e ampliá-la. Um corpo-rede-enorme, afetado pelos espaços por onde circula, mas também afetando aqueles e aquelas por quem passa. Um corpo de gerir e gerar afetos.

 

4.

O corpo como objeto denunciador das experiências do não pertencer, de ser posto à margem por um sistema dominante, de ter sua identidade e subjetividade diminuídas; o corpo da mulher estigmatizado e sexualizado pela política e polícia falocêntricas; o corpo que reage à máquina de produção de corpos dóceis, saudáveis, esbeltos, ágeis, musculosos, bem definidos e de “bem com a vida”; o corpo como posicionamento político daquilo que se acredita ser ou que ainda está para se definir. O corpo em constante fluxo de descoberta e (re)invenção, como fonte produtora de conhecimento, borrando fronteiras e se fazendo ser visto na expressão performática de suas feridas, prazeres e descobertas.

Não se trata aqui de dominar o próprio corpo, mas sim do engajamento que é direcionado para a tarefa de (re)criar o corpo, retomado naquilo que lhe é mais próprio: “na sua dor, no encontro com a exterioridade, na sua condição de corpo afetado pelas forças do mundo e capaz de ser afetado por elas” (Pelbart, 2007, p. 62).

 

Fernanda Magalhães, A Natureza da Vida. Performance realizada em Londrina, Brasil. Novembro de 2014. Fotografia de Débora Fernandes

 

Fernanda Magalhães, A Natureza da Vida. Performance realizada em Londrina, Brasil. Novembro de 2014. Fotografia de Débora Fernandes

 

5.

Há em Magalhães uma vontade de perturbar a paisagem. Lidando com a presença e a ausência, primeiro na paisagem e depois na fotografia, Magalhães expressa, pela exposição de seu corpo gordo, preocupações presentes no debate contemporâneo que traz temas como: sexualidade, gênero, identidade, aparência, corpo e subjetividade feminina.

Nas performances para o projeto A Natureza da Vida, o destaque na paisagem se dá pela materialidade do seu corpo presente que, por sua vez, instaura uma espécie de relação entre vetores opostos do movimento de ocupação social e político do espaço público. Ou seja, a partir da articulação de sua presença nua em um espaço específico a performer denuncia a ausência de seu corpo em tantos outros espaços que não pode ocupar simultaneamente. Denuncia ainda a ausência do corpo gordo, constantemente escondido, fora dos padrões dominantes, tido como repulsivo e não saudável; o corpo que está invisível, também silenciado como muitos outros corpos, excluído de representações e referências; o corpo que, por sua característica física é, muitas vezes, desqualificado, alvo de zombaria, gozação e preconceito. Ou ainda o corpo que é patologisado, tratado como doente apesar de sua boa saúde.

 

Esse corpo que constrói o trabalho também foi o que me levou a sofrimentos sucessivos, devido ao preconceito em relação à sua forma, pois, afinal, sou uma mulher gorda. Estas dores da exclusão levaram-me a desistir das expressões pela dança ou pelo teatro, as quais também integraram minha formação. Expor através do corpo ficou represado. Um corpo fora do padrão deve ser contido, assim, a certa altura da vida, parei de encenar e de dançar. Esta contenção extravasou-se pelo trabalho fotográfico, através do corpo, em suas performances. O autorretrato e as autobiografias vieram à tona. (Magalhães, 2010, p. 94)

 

É pela presença do seu corpo no espaço que Magalhães se insere política e esteticamente na paisagem. Exige o seu lugar como corpo gordo, como mulher gorda, interferindo e deslocando o espectador da sua ficção urbano-cotidiana. Ela elabora um acerto de contas com o seu passado, marcado pela dor do preconceito, e projeta no presente um devir performativo consciente – uma aposta por prudência, como nos disse Deleuze. A presença da performer gera pensamento, produz conhecimento em formato de ação porque é uma crítica em movimento, um questionamento: afinal, qual seria a “natureza da vida”?

 

6.

A performer está nas ruas e também impressa nas fotografias, seu manifesto é claro e sua participação política também. Mas onde estão todas as outras gordas e gordos que não são artistas? Espremidos nos bancos dos ônibus, aviões e trens, fugindo de roletas, catracas e portas giratórias, procurando por assentos mais confortáveis nos cinemas e teatros, olhando para baixo quando o elevador surge lotado… Os espaços públicos não acolhem bem os sujeitos gordos.

O projeto de arquitetura, o planejamento dos espaços para convívio social e principalmente os meios de transporte, públicos ou privados, correspondem ao sistema dominante e são majoritariamente estruturados para a circulação de pessoas magras, leves e “saudáveis”. O plano de governo e seus cidadãos corretos, os políticos e suas esposas perfeitas, as capas de revista, as propagandas de televisão, a cultura do espetáculo, a indústria produtora de celebridades, o terrorismo pelo bem-estar… Tudo parece dizer às gordas que o seu lugar não é aqui; que aqui só há espaço para aquelas que passarem pela fina fresta da vigilância e monitoramento do poder; um poder que está empenhado em fazer viver através do contínuo massacre de singularidades e especificidades – um poder sobre o outro, sobre a vida do outro.

 

Há uma cruzada para fazer o desejo desejar, para estimular cada indivíduo a modelar seu corpo, diariamente, a limpar as carnes de todo vício, tornando-se, assim, um policial não apenas de si, mas do grupo do qual faz parte, da casa onde habita, do local em que trabalha, da cidade onde vive. […] Desse modo, o indivíduo controla não apenas a limpeza profunda de suas carnes, de sua pele, de seus cabelos, mas controla e limpa também o seu entorno, não permite que o “outro” suje seu ambiente de fumaça, que o “outro” invada o seu espaço vital com suas carnes gordas, com seu corpo cheio de excessos, expressão dos vícios. Policial de si e do outro, policial da vida. São os vigilantes do peso, os vigilantes do açúcar, os vigilantes do cigarro, os vigilantes dos bons costumes. Vigiar e punir! Nunca essa acertada união de palavras feita por Foucault foi tão atual e tão profunda. (Soares, 2009, p. 65)

 

A essa modalidade contemporânea do poder damos o nome de biopoder, aquele que interfere e controla não mais por fora ou de cima, mas por dentro, no entre das relações e em nossa produção de subjetividade – “ele pilota nossa vitalidade social de cabo a rabo” (Pelbart, 2007, p. 58). “Assim, o que se produz por meio da atuação específica do biopoder não é mais apenas o indivíduo dócil e útil, mas é a própria gestão calculada da vida do corpo social” (Duarte, 2009, p. 41). 

É nesse contexto, sob as condições impostas pelo exercício do biopoder – e principalmente no que se refere ao controle do corpo e suas dimensões, não só físicas mas também as de ordem mental e social – que Magalhães interfere. Perfurando o sistema através de suas performances, Fernanda radicaliza a noção de bem-estar, transferindo para a mesma o direito da autodenominação e exame, driblando esse esquema de poder dominante e questionando sua validade.

 

Essa noção tão simples e tão diuturnamente alardeada – o bem-estar – esse estado de plenitude, parece conduzir uma população ao desejo de apagamento de qualquer traço de dor, de perda, de sofrimento e de vínculos públicos. Essa fórmula sem glamour e aparentemente insignificante, essa simples expressão, “bem-estar”, faz-se presente na definição de saúde dada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), definição em que saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não consistindo somente da ausência de uma doença ou enfermidade”. Essa definição faz emergir inúmeras análises, pois se a saúde é um completo estado de bem-estar físico, mental e social, ela deve abarcar, de forma absoluta, todas as dimensões da vida […] Seria interessante pensar, então, no significado dessa definição e em tudo o que ela acarreta em relação ao controle da vida, ao governo dos viventes. (Soares, 2009, p. 78)

 

Se o preconceito, manifesto em ardilosas formas de controle, é geral em relação ao gordo, ele recai sobre as mulheres com mais crueldade. A mulher, moldada pela sociedade de consumo e pela medicina estética, é pensada como objeto sexual, como referência de beleza e saúde. Sobre essa questão, Rago e Tvardovskas comentam:

 

No caso de Fernanda, ao colocar-se em cena, a artista pode assumir a sua própria realidade e denunciar livremente os preconceitos que gordas e obesas enfrentam; evidencia, ainda, a dimensão de gênero, pois sabe que a sociedade aceita o homem gordo com muito mais facilidade e privilégios que a mulher, destinada a ser bela, magra e escultural. (2007, p. 65)

 

Ou ainda, nas palavras da própria artista:

 

Nossos olhares estão contaminados por essa poluição visual, uma espécie de terrorismo global, em que se deseja um corpo impossível, inatingível, idealizado, retocado e plastificado. Os corpos de carne, sangue, ossos, água e gordura são substituídos, cada dia mais, por outros formados por hormônios, suplementos alimentares, anabolizantes, silicones, chips internos, fios de ouro e próteses. (Magalhães, 2010, p. 107)

 

Natural para a performer é não ferir o seu próprio corpo, não adequá-lo às exigências de um mercado da imagem que higieniza formas e condutas. Para ela o corpo gordo não é um estado provisório, um momento de passagem, pois ele não precisa ser ultrapassado e nem superado. Inserida no contexto biopolítico em que “almejamos uma existência asséptica, indolor, prolongada ao máximo, onde até os prazeres são controlados e artificializados: café sem cafeína, cerveja sem álcool, sexo sem sexo, guerra sem baixa, política sem política” (Pelbart, 2007, p. 61), Magalhães não está de dieta e nem pensando em fazer uma. A natureza de sua vida é gorda, grande, dilatada, com dimensões que ocupam as lacunas da fotografia. Em suas imagens não há brechas, tudo parece estar preenchido por sua gordura resistente.

A performer ocupa os espaços e os preenche com vontade de vida, afirmação e presença. Ela se empodera da identidade e do corpo tidos como negativos e faz deles o seu próprio lugar de resistência. Assim como se dá em diversos movimentos, a apropriação da negativa, enquanto discurso de combate e debate, aproxima a performer do posicionamento político e estético de teóricos e ativistas, por exemplo, das Teorias Queer e de algumas vertentes dos estudos feministas. Sobre essa questão, da apropriação do termo queer, Guacira Lopes Louro comenta: 

 

Usado para indicar o que é incomum ou bizarro, o termo em inglês é, também, a expressão pejorativa atribuída a todo sujeito não heterossexual. Equivaleria a “bicha”, “viado”, “sapatão”. Um insulto que, repetido à exaustão, acabou sendo deslocado desse local desprezível, foi revertido e assumido, afirmativamente, por militantes e estudiosos. Ao se autodenominarem queer, eles e elas reiteram sua disposição de viver a diferença ou viver na diferença. […] A expressão ganhou força política e teórica e passou a designar um jeito transgressivo de estar no mundo e de pensar o mundo. Mais do que uma nova posição de sujeito, queer sugere um movimento, uma disposição. Supõe a não acomodação, admite a ambiguidade, o não lugar, o trânsito, o estar-entre. Sugere fraturas na espisteme dominante. (Louro, 2009, p. 135)

 

Em seu livro corpo-recontrução ação ritual performance, Magalhães comenta a influência do queer em seus trabalhos:

 

As teorias Queer contribuem, possibilitando-nos, hoje, pensar um corpo com estruturas flexíveis, sem rigidez em suas definições. Entender essas diversidades e multiplicidades permite-nos uma liberdade de pensamento para a construção de corpos híbridos, mais conectados com os seus desejos e prazeres, em suas performances diárias. Todas essas questões estão expressas nos trabalhos que desenvolvi, questões que vão além das linguagens e encontram um modo de expressão através da arte. (Magalhães, 2010, p. 109)

 

O plano de resistência em arte/vida elaborado pela performer aponta para as experiências que estão fora dos marcadores sociais naturalizados. Dessa forma, ela amplia o quadro das referências padronizadas por evidenciar, mesmo que a contragosto de muitos, a necessidade da criação de outros, para não dizer novos, campos de inteligibilidade que escapem ao modelo dominante que patologisa corpos, vivências e identidades. 

Assim, a performer adota o xingamento como aposta de identidade – literalmente –, dando corpo ao nome pelo qual ninguém parece querer ser chamado: GORDA. Em performance, Magalhães afirma seu tamanho GG, sua forma fora dos padrões sociais, enfraquecendo o discurso do opressor. A GORDA se transforma em um possível lugar para a produção de uma identidade resistente, atenta aos mecanismos totalizantes do poder e que, por essa razão, age de dentro dele. A performer se utiliza da própria nomenclatura que marca o controle e a vigilância de sua vida/corpo para intervir nos dispositivos biotecnológicos de produção de subjetividade.

Fernanda Magalhães cria para si a experiência contínua de um Corpo sem Órgãos (CsO), pois sabemos que a ele “não se chega, não se pode chegar” (Deleuze e Guattari, 2012, p. 12), e resiste à colonização dos modos de desejar e à imposição da fixidez do organismo. No projeto A Natureza da Vida, o corpo funciona, assim como no projeto de um CsO, como um conjunto de práticas constantemente atravessado por intensidades e modos de ser e estar no mundo. Resistir à ideia de uma subjetividade como subproduto do biopoder é também rejeitar a imposição de organismo funcional, ou seja, aquele que tem sua organização dominada e hierarquizada pelas ditas funções vitais – elencadas, em sua maioria, pelas ciências “psis” e médicas.

Assim como nos esclarece Deleuze e Guattari, a experiência desse projeto está mais próxima de um combate perpétuo e violento, ou seja, sempre em movimento, do que ao ato de hastear uma bandeira. Ao conjunto dos estratos (organismo, significância e sujeição), identificado pelos filósofos, pode-se responder pela proposição de uma desarticulação contínua, uma vez que sempre haverá novos estratos dos quais será preciso se esquivar. É pela afirmação de sua composição desviante, desarticulada, que a performer é a gorda em experimentação e tudo nela é vida. É natural, especificamente, da sua vida. Cada marca, cada dobra, cada celulite: grandes partes de um todo que não quer parar de ser.

 

Pretendo, com este trabalho, buscar estas infinitas construções, o caos e a desordem neste mundo rígido que pede socorro. Penso na minha produção como forma de sobrevivência. Afogada nas relações devoradoras do dia a dia e frente à lucidez da vida e da morte, eu penso a arte como única possibilidade de vida. Assim, o trabalho é resultado direto de minha ação como artista, não só em minha produção artística, mas também no cotidiano. Uma ação política de vida. (Magalhães, 2010, p. 118)

 

7. 

A Natureza da Vida, de Fernanda Magalhães, em imagens encontradas no Instagram e no Facebook da artista e de outras pessoas. Créditos e detalhes: Fotos 1, 2, 3, e 4: Instagram de Fernanda Magalhães (Vitória, ES, 2014 – Evento: Independência: quem troca?); foto 5: Instagram de Gabriel Machado (Vitória, ES, 2014 – Evento: Independência: quem troca?); foto 6: Instagram de Fernanda Magalhães, foto de Gabriel Machado (Concha Acústica do Parque Moscoso, Vitória, ES, 2014 – Evento: Independência: quem troca?); foto 7: compartilhada por Magalhães, de “Nati” (Magalhães posa ao lado da performer Glamour Garcia, SP, 2013 – Evento: Foto Bienal MASP); foto 8: compartilhada no Facebook por Fernanda Magalhães, foto de Karen Debértolis (Londrina, 2013 – Evento: Cem Ruídos); foto 9, de Sheila Oliveira (Fortaleza, 2013); foto 10, de Jô Moreno (Londrina, 2014 – performance executada no espetáculo Tetas de Tirésias, vamos esbofetear Ulisses, da Cia. Estábulo de Luxo, evento: Circulação de Luxo); foto 11, de Fábio Judice (SP, 2013 – Evento: Foto Bienal MASP); foto 12, de Isabelli Neri Vicentini compartilhada no Facebook de Fernanda Magalhães

 

8.

Como costuma ser comum quando tratamos de performance, a lida com o efêmero marca o trabalho da artista, mas não nos impede de entrar em contato com suas produções. Em seus programas performativos [4], Magalhães exibe a preocupação com o registro de seus trabalhos, feitos não só para o momento da execução, mas também para apreciações posteriores por meio de fotos e/ou vídeos. Os registros atuam como parte do trabalho, como elementos constituintes da sua ampla narrativa serial e cheia de dispositivos.

Nas performances para o projeto A Natureza da Vida, Magalhães conta com a participação e produção dos artistas anteriormente convidados. Fora isso, ela não tem controle sobre a quantidade ou qualidade dos registros que podem ser eventualmente produzidos durante suas ações. Os meios de hoje são tecnologias muito avançadas e inserem Magalhães em uma complexa rede de produção de conteúdo visual espontâneo. Não são poucas as fotos publicadas em mídias sociais, como o Instagram e o Facebook, das performances realizadas pela artista. 

Ao que tudo indica, Magalhães não parece se importar com a produção e o compartilhamento de imagens das suas performances. Ao contrário disso, e mais uma vez, a artista se apropria dessas condições tecnológicas, fazendo o sistema trabalhar também a seu favor. Em seu perfil [5] no Facebook encontramos frequentes recompartilhamentos de imagens de seus trabalhos produzidas espontaneamente por outras pessoas. Dessa forma, Magalhães aumenta o campo expressivo do seu projeto, driblando represálias como a denúncia de conteúdo sexual ou pornográfico que, geralmente, incidem sobre imagens que retratam a nudez [6].

Fernanda está dissolvida na rede, fragmentada por imagens e vídeos em diferentes plataformas e formatos. Sobre a realização de outro trabalho [7], gerado pela mesma poética e metodologia de criação, Magalhães comenta:

 

O trabalho pode ser montado, apresentado, publicado e exibido em espaços diversos e em ocasiões e com edições diferenciadas, podendo ser constituído a partir dos espaços e das peculiaridades do momento. Assim, esse projeto não tem uma forma definida e nem definitiva, sendo possível mostrá-lo por suas linhas de fuga e suas rupturas, estruturas que se desterritorializam e que retomam, se reconectando todo o tempo e em todo espaço. […]. Assim o trabalho funciona como um mapa em sua estrutura rizomática, com participações que também se expandem em linhas de fuga. O processo de construção e reconstrução constante acontece com a participação dos convidados, com a falta de controle sobre todos os participantes e trabalhos realizados e dos desdobramentos em outros eventos além daqueles propostos por mim. […]. Assim busco expressar por canais diversos estes campos poéticos de meu trabalho, abrindo para as percepções e experimentações que o constituem. (Magalhães, 2010, p. 81)

 

Apesar de sua estratégia apropriativa e de expansão, a performer não está isenta das investidas do sistema de monitoramento das redes como, por exemplo, o do Facebook. Durante o período de escrita deste artigo, Magalhães me marcou em uma de suas atualizações de status no Facebook. Para a minha surpresa (desde que somos amigos na plataforma não fui notificado de fato semelhante), suas fotos haviam sido denunciadas e censuradas pela polícia da mídia social. Na publicação do dia 12 de dezembro de 2014 ela comenta que seis de suas fotos da performance A Natureza da Vida foram denunciadas “de uma vez só”, frisando, ainda, sua felicidade ao perceber o incômodo gerado por suas imagens: as imagens que “afetam, instigam, transgridem, ousam…”.

No dia seguinte, 13 de dezembro de 2014, mais fotos da artista foram censuradas e ela fez outra publicação sobre o assunto. Nessa, Magalhães diz estar impressionada com a censura às artes e com o recalque que, imagina, afeta os sujeitos que direcionam o seu tempo para esse tipo de denúncia. Ela encerra sua publicação dando um viva aos corpos, à liberdade de expressão e às diferenças.

Nas duas publicações [8] comentadas acima, a performer recebeu uma série de comentários elogiosos ao seu trabalho e também palavras de incentivo e positividade. Não demorou muito para que fosse proposto, por mais de um usuário, uma corrente de compartilhamento das fotos de Fernanda. 

Mais uma vez as imagens da artista nua foram disseminadas pela rede, dificultando o trabalho de monitoramento do sistema e contrariando o autor, ou os autores, das denúncias anteriores. Por essa espécie de “pós-produção compartilhada”, incentivada inicialmente por provocações da artista e agora por seus seguidores e seguidoras, é que Magalhães tem conseguido se “manter online” e fazendo permanecer impressões de sua trajetória nas plataformas de sociabilidade virtual controlada. 

Sobre a sua obra não recaem questionamentos a respeito da autenticidade das imagens compartilhadas quando, em quase todas elas, Magalhães está presente. Cortada ao meio, saturada por um filtro do Instagram ou enquadrada pelo olhar daquele que lhe fotografa e edita, seu processo de pós-produção funciona em constante estado de negociação. Ao mesmo tempo que performa uma determinada ação, a performer é editada e montada; ao mesmo tempo que é denunciada e censurada, ela passa a (re)existir pela ação do outro.

Magalhães, então, vai abrindo passagens pelos meios de expressão e comunicação. É também manipulada pelo outro que, por sua vez, a opera a partir das suas próprias noções de ética e estética. Seu corpo-gordo-rede é formado por textos e imagens que colocam as formas e os modos de fazer da contemporaneidade em funcionamento. A Natureza da Vida não é um produto acabado na medida em que está sempre sendo (re)editado. Seja por suas linhas de fuga e rupturas, como mencionado pela própria artista, ou pelos procedimentos aqui detalhados, seu trabalho serial também parece engajado em habitar as formas, em tomar posse provisória delas. Seu trabalho é, antes de tudo, um gerador de atividades.

 

9.

Os trabalhos em série de Magalhães podem ser considerados exemplos de uma pesquisa continuada, da perseguição de um discurso, ou ideia, e seus desdobramentos pelos campos do saber, paisagens, tecnologias e sujeitos. A natureza rizomática de suas ações performativas seriais embaralha as noções de início e fim, alimentando o meio e os meios dos quais se utiliza. A não linearidade dessas obras, em séries que podem durar anos, configuram esse eterno movimento do corpo que “sempre retorna para ser de novo” (Brett, 2005, p. 25). 

 

Fernanda Magalhães, A Natureza da Vida. Performance realizada em São Paulo, Brasil. Agosto de 2013. Fotografia de Luciano Pascoal

 

Para Magalhães, todo espaço pode ser considerado solo fértil para a (re)combinação de uma ação, exposição ou performance. A pesquisa serial se inscreve na paisagem ao mesmo tempo que se modifica a partir de suas mudanças. Cada peça performativa é fonte detonadora de processos singulares que, por sua vez, impulsionam o agenciamento de novas ações, para novas percepções. No entendimento da performer e teórica da performance Eleonora Fabião: “Assim como percebo, uma performance é um disparador de performances” (2013, p. 9).

Como ilustração desse processo de construção e reconstrução constantes, podemos citar as performances que a artista realiza em galerias e salões que exibem o seu próprio trabalho. Na abertura da primeira edição da mostra Foto Bienal MASP, no mês de agosto de 2013, em São Paulo, Magalhães expôs fotografias do projeto A Natureza da Vida e performou mais uma ação, para esse mesmo projeto, tendo a parede do museu com suas próprias fotografias como paisagem (Figura 4 [9]). Já na edição da mesma mostra em Curitiba, no MON (Museu Oscar Niemeyer), a artista convidou performers [10] locais para realizarem junto com ela essa espécie de performance sobre a performance (Figura 5). 

 

Fernanda Magalhães, A Natureza da Vida. Performance realizada em Curitiba, Brasil. Agosto de 2013. Fotografia de Graziela Diez

 

É nesse sentido que o mapa do projeto serial de Magalhães opera: por ações que disparam outras ações e assim sucessivamente. Um plano formado por sobreposições de diferentes camadas oriundas de uma mesma inquietação: da presença do seu corpo gordo no espaço e em relação com ele.

 

10.

Magalhães segue em obra e combate, diluindo barreiras e engordurando fronteiras.

 

 

NOTAS

[1] Trecho retirado do post­-manifesto: Quarta-feira de cinzas, 22/02, 17h, haverá gordice na fonte dxs pombxs, Largo da Ordem – publicado no Tumblr Chá de Senhorxs, acessado pela última vez em 12/12/2014. Ver em: <http://goo.gl/wGDHMn>. Texto criado por: Sabrina Lopes, Stéfano Belo, Mariana Zimmermann, Clarissa Oliveira, Cris Bach, Ricardo Nolasco, Semy Monastier, Guilherme Marks.

[2] “A ação no Bosque Central de Londrina foi fotografada por Graziela Diez, em novembro de 2011. Juntamente com outras, foi feita como forma de protesto contra a destruição e retirada de árvores do local em atuação com o Grupo Ocupa Londrina e a ONG MAE Londrina. A intenção do poder público era transformar parte da área, que preserva resquícios da mata original da região, em uma rua com paradas de ônibus em pleno coração e pulmão da cidade. Todos juntos conseguiram embargar a obra e transformar o lugar em área de preservação permanente. As imagens realizadas foram expostas durante as manifestações públicas dos moradores de Londrina indignados com a destruição de parte do Bosque Central, penduradas em varal junto com outros registros como poemas, desenhos, charges e fotografias produzidas por diversos artistas da cidade”, Revista Zunai. Ver em: <www.revistazunai.com>. Acessado em: 23/06/2014.

[3] 1) Central Park, NY, 2000; 2) Jardim de Luxemburgo, Paris, 5 de outubro de 2011; 3) Mar Negro, Anapa, Krasnodar, Rússia, 24 de outubro de 2011; 4) Bosque Central, Londrina, Paraná, Brasil, 19 de novembro de 2011; 5) Parque Del Prado, 5.1) Bosque e 5.2) Roseiral, Montevideo, Uruguai, 2 de dezembro de 2011; 6) Barracões de Peroba do Antigo Departamento de Artes da Universidade Estadual de Londrina UEL, Londrina, Paraná, Brasil, 27 de fevereiro de 2012; 7) Parque Tanguá e Universidade Livre do Meio Ambiente, Curitiba, Paraná, Brasil, 9 de outubro de 2012; 8) Fortaleza, Píer da Praia de Iracema, 23 de fevereiro de 2013; 9) Cine Teatro Ouro Verde, Londrina, Paraná, Brasil, 2 de março de 2013; 10) Espaços vazios deixados pelos barracões de peroba demolidos, Semana das Cores, UEL, Londrina, Paraná, Brasil, 10 e 11 de abril de 2013; 11) MASP, São Paulo, SP, Brasil, 13 de agosto de 2013; 12) Cem Ruídos, 12.1) Mesa ACIL, 12.2) Divisão de Artes Plásticas DAP, Casa de Cultura, UEL, Londrina, Paraná, Brasil, 11 de novembro de 2013; 13) Museu Oscar Niemeyer MON, Sala Olho, Curitiba, Paraná, Brasil, 12 de dezembro de 2013; 14) Silos, Fazenda Distrito Maravilha, Londrina, Paraná, Brasil, 21 de dezembro de 2013; 15) Cabaré do evento Vértice Brasil, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, 12 de abril de 2014; 16) Independência: quem troca? Vitória, ES, 16.1) Concha Acústica do Parque Moscoso, 3 de junho de 2014, 16.2) Píer de Yemanjá, Praia de Camburi, 4 de junho de 2014; 17) MAL Museu de Arte de Londrina, expo Grafatório, 10 de maio de 2014; 18) Ocupações Artísticas do Simpósio Internacional Marie Helene Bourcier, UEM, Maringá, 28 a 30 de julho de 2014; 19) III Marcha das Vadias, Concha Acústica, Londrina, 9 de agosto de 2014; 20) Abertura da peça “Tetas de Tirésias, vamos esbofetear Ulisses”, durante a Circulação de Luxo, Londrina, 13 de setembro de 2014; 21) Chácara com Selváticos, Londrina, setembro de 2014; 22) Campus II UNESPAR, Curitiba, 3 de outubro de 2014; 23) Festival Peroba Rosa, Londrina, novembro de 2014; 24) Feverestival – Campinas, fevereiro de 2015. Lista de ações disponibilizada pela artista em troca de e-mail em março de 2015.

[4] “Ao agir o seu programa [o performer], desprograma organismo e meio. A inspiração para a inserção da palavra-conceito “programa” vem do texto “Como Criar Para Si Um Corpo Sem Órgãos”, de Gilles Deleuze e Félix Guattari, onde se propõe que o programa é o “motor de experimentação” (Deleuze e Guattari, 1999, p. 12). “Um programa é um ativador de experiência. […] Ou seja, uma experiência, por definição, determina um antes e um depois, corpo pré e corpo pós-experiência” (Fabião, 2009, p. 4). Para saber mais sobre o conceito de “programa performativo”, ver Fabião 2013 e 2009 da bibliografia.

[5] Ver em: <https://www.facebook.com/fernanda.magalhaes.353>. Acessado em: 24/06/2014.

[6] O debate sobre a presença da nudez em imagens nas mídias sociais está cada vez mais acirrado. Com frequência, as fotos de pessoas nuas, mesmo as que claramente fazem parte de um projeto artístico, são denunciadas como objetos de conteúdo erótico, sexual e/ou pornográfico. Assim como as políticas sociais do sistema heteronormativo e machista, as denúncias na comunidade virtual também expressam a voz do dominante, recaindo na maior parte das vezes sobre minorias como: mulheres, lésbicas, gays, travestis, transexuais, transgêneros e sujeitos trans*. Fotos de seios ou ações de topless são cotidianamente denunciadas como obscenas, restringindo a liberdade e os direitos das mulheres. Recentemente, depois de muito debate e publicações de luta por parte de grupos e militantes feministas, o Facebook parece ter flexibilizado suas regras de controle no que diz respeito a imagens que exibem seios, mas só em caso de amamentação. Na matéria “De peito aberto”, de Marina Cohen e Raphael Kapa, publicada no jornal O Globo, em 14/06/2014, os jornalistas reproduzem o novo trecho da política de uso da rede social que diz: “Concordamos que a amamentação no peito é algo natural e bonito. Ficamos contentes em saber que é importante para as mães compartilharem suas experiências”. A mudança não foi notificada oficialmente, mas amplamente divulgada e compartilhada por blogueiras. Ver em: <http://oglobo.globo.com/sociedade/de-peito-aberto-12856774>. Acessado em: 24/06/2014.

[7] O trabalho em questão é “corpo re-construção ação ritual performance”, projeto de pesquisa teórico prático desenvolvido pela artista em seu Doutorado, que se constrói a partir de nove ações performáticas realizadas ao longo de 2003-2008, e que resultaram em um acervo de imagens, vídeos e áudios editados para a realização de exposições, apresentações e publicações, além de comporem um site e um livro.

[8] Nos anexos deste artigo disponibilizamos duas imagens que comprovam as publicações citadas e suas datas de compartilhamento no Facebook. Além disso, é possível verificar, em uma das imagens, a marcação que a artista faz do meu nome em uma das publicações.

[9] Na fotografia de Luciano Pascoal (Figura 3), o registro da performance “A Natureza da Vida” realizada no Bosque Central de Londrina, já mencionada aqui neste escrito, pode ser visto no canto superior direito da imagem.

[10] Xs performers que aparecem na Figura 5, convidados por Fernanda Magalhães para a ação no MON, são, da esquerda para a direita, Stéfano Belo, Ricardo Nolasco e Tamíris Spinelli. Todxs são colaboradorxs da Casa Selvática, uma espécie de espaço independente mantido por artistas, grupos e cias da cidade de Curitiba. A Casa serve tanto de ateliê de criação como espaço para apresentações, realização de oficinas, exposições e residências. A escolha de Magalhães é pontual ao convidar performers engajadxs na experimentação performativa de seus corpos, na fusão de arte e vida, na militância contra a gordofobia, a homofobia, a transfobia e o machismo. Belo, Nolasco e Spinelli são artistas jovens, mas com trajetórias produtivas e comprometidas com a função política da arte.

 

BIBLIOGRAFIA

BRETT, Guy. “Única Energia”. In: Caderno Videobrasil: Associação Cultural Videobrasil, n. 1, São Paulo, 2005.

DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Félix. “28 de novembro de 1947: COMO CRIAR PARA SI UM CORPO SEM ÓRGÃOS? In: Mil Platôs: Capitalismo e esquizofrenia 2. Vol. 3. São Paulo: Editora 34, 2012 (2. edição). (Coleção TRANS).

DUARTE, André. “Foucault e as novas figuras da biopolítica: o fascismo contemporâneo”. In: RAGO, Margareth; VEIGA-NETO, Alfredo (orgs.). Para uma vida não fascista. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009. (Coleção Estudos Foucaultianos).

FABIÃO, Eleonora. “Programa performativo: o corpo-em-experiência”. In: Revista do LUME #4. Campinas: Revista do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa Teatrais da UNICAMP, 2013.

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LOURO, Guacira Lopes. “Foucault e os estudos queer”. In: RAGO, Margareth; VEIGA-NETO, Alfredo (orgs.). Para uma vida não fascista. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009. (Coleção Estudos Foucaultianos).

MAGALHÃES, FernandaCorpo Re-Construção Ação Ritual Performance. Curitiba, PR: Travessa dos Editores, 2010.

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PELBART, Peter Pál. “Biopolítica”. In: Revista Sala Preta #7. São Paulo: Revista do PPG em Ates Cênicas – ECA – UPSP, 2007.

RAGO, Luzia Margareht & TVARDOVSKAS, Luana Saturnino. “Fernanda Magalhães: arte, corpo e obesidade”. Caderno Espaço Feminino, v. 17, n. 01, Jan./Jul. 2007.

SOARES, Carmem Lúcia. “Escultura da carne: o bem-estar e as pedagogias totalitárias do corpo”. In: RAGO, Margareth; VEIGA-NETO, Alfredo (orgs.). Para uma vida não fascista. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009. (Coleção Estudos Foucaultianos).

 

ANEXOS

Anexo I – Print screen da postagem de Fernanda Magalhães em seu Facebook no dia 12 de dezembro de 2014.

 

Anexo II – Print screen da postagem de Fernanda Magalhães em seu Facebook no dia 13 de dezembro de 2014.

 

 

Caio Riscado é doutorando em performance pela UNIRIO, Mestre em processos e métodos da criação cênica pela UNIRIO, Diretor Teatral formado pela UFRJ, professor, performer e membro fundador de MIÚDA.


 

PARA CITAR ESTE ARTIGO

RISCADO, Caio. “Engordurando Fronteiras: Dez Instantes a partir do Projeto de Performance ‘A Natureza Da Vida’, de Fernanda Magalhães”. eRevista Performatus, Inhumas, ano 3, n. 14, jul. 2015. ISSN: 2316-8102.

 

Revisão ortográfica de Marcio Honorio de Godoy

© 2015 eRevista Performatus e o autor

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