Linguagem Performativa em Armando Azevedo

 

Armando Azevedo, professor, artista plástico e performer, desenvolveu um vasto trabalho, sobretudo, na década de 70 e início de 80. Com diversas participações individuais e coletivas, sendo que mais tarde se torna bolseiro investigador da Gulbenkian sobre ‘Trabalho individual/ trabalho coletivo nas Artes Visuais’, realça-se a cumplicidade dos seus trabalhos plásticos e performativos, percorrendo, por vezes, os mesmos lugares e, também, invadindo conscientemente o espaço um do outro.

Numa época ainda perturbada por um regime ditatorial, começa a frequentar o CAPC (Centro de Artes Plásticas de Coimbra) em 1969 e torna-se sócio no ano seguinte. Verdadeiramente, após algumas manifestações no campo das artes plásticas, a sua iniciação na performance acontece na “resposta à ‘Agressão com o nome de Joseph Beuys’ do Ernesto Sousa” [1].

Embora sempre acompanhando os trabalhos artísticos que o CAPC ia desenvolvendo, neste período, intervém mais nas artes plásticas, nos intervalos do cumprimento do serviço militar, até que termina a tropa e regressa definitivamente ao CAPC, agora como professor, decorria o ano de 1976. Este mesmo ano, ainda na força das manifestações aos mais diversos níveis, numa sociedade que iniciava uma nova fase [2], ficou marcado pelo surgimento de um novo grupo no campo das artes, o Grupo PUZZLE, em que Armando Azevedo participou desde a sua criação e lhe sugeriu o nome.

Juntamente com os elementos do PUZZLE, Armando Azevedo participa pela primeira vez nos Encontros Internacionais de Arte, os terceiros em Portugal, desta vez na Póvoa de Varzim, onde realiza a sua performance mais elaborada. Desde esta data, as suas intervenções, coletivas – nos respetivos grupos que participa (CAPC ou PUZZLE) ou individuais, multiplicam-se e ganham uma dimensão merecedora de o levar a participar nas maiores manifestações artísticas nacionais e internacionais, como o 1º Symposium Internacional d’Art e Performance, organizado por Orlan em Lyon, a Semaine d’Action no Museu de Arte Moderna em Paris, convidado por Jean-Jack Lebel e, ao mesmo tempo, expõe na Diagonale – Paris, convidado pela Galeria de Egídio Álvaro.

Na tentativa de melhor ilustrarmos a importância dos grupos a que esteve ligado Armando Azevedo e que contribuíram para uma afirmação artística em Portugal, recorremos às palavras de Isabel Nogueira [4]:

 

Nesta senda de experimentação, é fundamental chamar a atenção para dois relevantes agrupamentos de artistas: o Grupo Acre (“Uma arte para toda a gente”) – entre 1974 e 1977, constituído por Alfredo Queiroz Ribeiro, Clara Menéres, Joaquim Lima Carvalho, entre diversos colaboradores – e o Grupo Puzzle (“Contracorrente”) – entre 1975-1981, contou inicialmente com Albuquerque Mendes, Armando Azevedo, Carlos Carreiro, Dario Alves, Graça Morais, Jaime Silva, João Dixo, Pedro Rocha e, pouco tempo depois, com Fernando Pinto Coelho e Gerardo Burmester –, nascido no Porto em Dezembro de 1975, apresentado no início do ano de 1976 num jantar/intervenção na Galeria Alvarez (Porto), e divulgado nos “III Encontros Internacionais de Arte” (Póvoa de Varzim, 1976). A seu modo, ambos os agrupamentos se assumiram como portadores de uma linguagem plástico-performativa inovadora no contexto português, de vertente conceptualista, social e artisticamente interventiva.

Mas também foram determinantes, nos anos setenta, as atividades do CAPC – Alberto Carneiro, Albuquerque Mendes, António Barros, Armando Azevedo, João Dixo, Rui Órfão, Silvestre Pestana, Túlia Saldanha, entre outros –, de entre as quais se podem destacar “A Floresta” (Porto, Galeria Alvarez Um, 1973; Lisboa, Galeria Nacional de Arte Moderna, 1977), “Homenagem a Josefa de Óbidos” (Óbidos, Galeria Ogiva, 1973), “Minha (Tua, Dele, Nossa, Vossa) Coimbra Deles” (Coimbra, CAPC, 1973), “1.000.011º Aniversário da Arte e Arte na Rua” (Coimbra, CAPC, 1974), “Semana da Arte (da) na Rua” (Coimbra, CAPC, 1976), “Cores” (pelo Grupo de Intervenção do CAPC, Coimbra, Caldas da Rainha, Lisboa, 1977-1978).

 

Segundo Roselee Goldberg, “a performance serve para comunicar diretamente com um grande público, bem como para escandalizar os espectadores, obrigando-os a reavaliar os seus conceitos de arte e a sua relação com a cultura” [4]. Seguindo estes princípios, consciente duma missão comunicativa, Armando Azevedo será um representante por excelência na arte da performance e na sua função enquanto meio de intervenção cultural, social e artístico.

Conforme a indicação no seu percurso, Armando Azevedo percorreu dois campos distintos, quer nas suas participações coletivas quer nas individuais. Se por um lado participava no Grupo Puzzle, reconhecido pela sua imponência estética e pelos seus membros formados sobretudo pelas Belas Artes do Porto, no GICAPC (Grupo de Intervenção do Centro de Artes Plásticas de Coimbra) tem uma intervenção menos formalista, embora com a mesma responsabilidade artística.

Neste artigo, serão apenas abordados alguns momentos performativos de Armando Azevedo, ilustrando as três vertentes (Formas – Ressurreição/ Corpo; Cores; Palavra – Colagens/ Acaso), que nos surgem essenciais para compreender uma parte do seu vasto percurso e, sem as quais, não encontraríamos significado. O propósito, nosso, passa aqui por um trabalho de análise inicial, explorando algumas performances ilustrativas dos três campos de ação, de modo a angariar argumentos válidos para a sua apresentação.

 

A Performance

Numa tentativa de analisar a obra de Armando Azevedo, conforme já referido, agrupamos a sua atividade performativa, também indicada pelos seus próprios apontamentos, em três campos ou secções: Formas; Cores; Palavras [5]. Recordamos que a sua prestação artística incidiu sobre duas áreas, Artes Plásticas e Performance, que se completam e até se confundem na intenção, o que nos leva a afirmar que não existe, em nenhum dos seus trabalhos, uma sem a outra.

Armando Azevedo, numa arte comprometida com o quotidiano em transformação, questiona a condição humana. A procura da arethê (excelência) ou, mesmo, o homem enquanto “d’eus” é o seu objetivo primordial, mas nunca dispersando a verdadeira condição humana, isto é, o homem é composto por vários ‘EUS’ e só a junção destes seus ‘egos’ lhe permitem a verdadeira sintonia com um mundo que vai construindo. Por sua vez, esse mesmo mundo é composto pelo bem/mau, verdade/mentira, pureza/poluição, ou seja, há sempre mais do que uma saída questionável, cabe ao espectador analisar e avaliar a sua verdadeira identidade e prosseguir o seu percurso.

Na nossa opinião, este é o propósito das intervenções de Armando Azevedo. A sociedade, nos seus mais distintos aspetos (sociais, económicos, políticos, religiosos, profanos, ecológicos) é questionada em cada indivíduo através da forma (corpo), da cor (olhar sobre o mundo) ou palavra (no seu significado).

 

Forma

No que se refere à ‘forma’, uma das temáticas mais carismáticas à própria condição humana, que desde sempre interroga a sua origem, é o próprio molde, a feição e até o feitio que é questionado, isto é, o homem numa perspectiva global e o seu ‘corpo como palco’ para essa mesma análise. Como refere Guillermo Gómez-Peña, “tradicionalmente, o corpo humano, o nosso corpo, e não o palco, é o verdadeiro lugar de criação e a nossa matéria-prima é a nossa tela em branco, o instrumento musical, o livro aberto; a nossa carta de navegação e mapa biográfico; o véu para as nossas identidades em constante mutação; a peça central do altar, assim dizendo. O nosso corpo é também o centro do nosso universo simbólico – um pequeno modelo para a humanidade – e, ao mesmo tempo, uma metáfora para um corpo sociopolítico maior. Se formos capazes de estabelecer todas estas conexões perante uma audiência, temos a esperança de que outros as reconheçam nos próprios corpos” [6] e, mais adiante, acrescenta, “as nossas audiências podem indiretamente experimentar outras possibilidades de liberdade estética, política e sexual; possibilidades de que sentem falta nas suas vidas” [7].

Neste sentido, conjugando as diferentes motivações de cada espectador com a intenção proposta pelo performer, todos são convidados a partilhar de uma experiência única, mas que permite retirar o ensinamento individualizado ainda que numa atmosfera coletivizante.

Armando Azevedo recorre a questões bíblicas para nos falar da transformação, é a Páscoa que está em jogo, mas não uma Páscoa tradicional e comemorada pelos cristãos, agora é a sua “Pãques 79” em Lyon e depois a “Páscoa de 1979” no CAPC, precisamente o ano em que completara os seus 33 anos de idade.

Nas palavras de António Olaio, “… Armando Azevedo representou-se assim, porque em 1979 tinha 33 anos, a mesma idade com que Jesus Cristo morreu e, por isso, a mesma idade com que Cristo permanece. Mas Armando Azevedo já não tem 33 anos e os jornais que preenchem o fundo como paisagem conceptual se, na época, sublinhavam o presente, o próprio dia, desde logo começaram a lembrar o ontem e cada vez mais, uma ideia difusa de passado. Nesta imagem, o artista, 33 anos como Jesus Cristo, mimetiza a posição do corpo crucificado, mas fica-se pela imagem destes braços a meio caminho de se abrirem. E, assim fixada nesta posição, esta personagem de mãos no ar como poderia estar uma vítima de assalto ou um vilão apanhado pela polícia. De mãos no ar, de qualquer forma, mesmo que desnecessariamente. Pela nudez que se adivinha, está certamente desarmado. E é assim, desarmado e transparente, que se apresenta. Não estará certamente aqui uma exaltação da humildade, neste pudor de não se aproximar demasiado de uma imagem de Cristo. Até porque ouvi o Armando Azevedo várias vezes dizer que é Deus (talvez D’eus, como escreveu num dos seus trabalhos mais recentes)…” [8].

Nessas duas performances, ainda que sigam o mesmo teor, há elementos nas suas construções que devem ser explorados, ou seja, na “Pãques 1979 d.C.”, em Lyon, o performer emerge do meio dos jornais e coloca-se na exaltação de um percurso, depois a construir (ou reconstruir) o seu mundo, a sua ‘vie’. Os elementos que retira da sua mala, auxiliados pela envolvência de corpo e mãos espalhadas em redor, são ‘os seus’ livros e as ‘suas’ imagens de piões, bolinhas, isto é, o mundo revisitado, mas agora com outra visão, porque só agora, aos 33 anos, junta-se um longo caminho que foi unindo as letras, o conhecimento, a sabedoria.

 

Armando Azevedo, Performance “Pãques 1979 d.C.”, Lyon, 1979

 

Quando, vestido de branco, emergi do sufoco dos jornais (e pisadelas), desocultei uma cinzenta mala de viagem revestida a fotocópias de trabalhos meus, donde fui tirando coisas: um livro… aberto em Vs de várias cores, dimensões, expressões, estilos… que li como nas primeiras aulas da minha primeira classe; uma venda cheia de Vs coloridos que coloquei nos olhos; uma bandeira, com grande V e outros Vs mais pequenos, que agitei, vibrante; um ovo cheio de Vs que, descascado, comi; punhados de pequeninos Vs, letrinhas feitas confetes. “Vive le V”! Virada(s) a página(s) do V, surgiram Is no livro, na venda, na bandeira, no ovo, nos confetes, tudo cumprido em I… Depois, em novas páginas, Es, e em E, nova venda, nova bandeira, novo ovo… “Vive le E”!… E assim caminhei pela V… I… E, em dança de agrilhoado. Depois da minha escrita-pintura em invasão de livro, venda, bandeira, confetes… e uma bola “pintada” a esferográfica predominantemente azul em céu com nuvens, flores, paisagens, piões, bolinhas… que, furada, me consolou com fresco sumo de laranja. O céu.

 

No CAPC, a “Páscoa 1979 d.C.” vem trazer uma outra dimensão. O performer ‘ressuscita’ do meio dos jornais. Contudo, não é da morte física que falamos, mas de uma ‘renovação’ do homem (corpo e mente), que tem um mundo de informação ao seu dispor, mas que o próprio consegue manter a distância e se colocar numa posição crítica, porque também aqui, neste local, tem uma posição definida e crítica em relação a tudo o que o rodeia.

 

Armando Azevedo, Performance “Páscoa 1979 d.C.”, Centro de Artes Plásticas de Coimbra, Coimbra, 1979

 

Com o próprio material-suporte, jornais, jornais de todo o tipo, género, índole, sector, importância, especialidade, objectivo, tamanho, cor, espessura de papel, difusão, cria um espaço-volume com imagens simbólicas figuradas (mãos em diversas posições e um corpo, em silhueta – suas mãos e seu corpo – sobre as quais aparecem formas simbólicas expressivas, ligadas por nuvens volumosas) que ocupam o lugar tradicionalmente destinado aos “quadros”. O pavimento do recinto da experiência está totalmente coberto de espessa camada de jornais usados e amarrotados, enquanto dois ou três noticiários sonoros simultâneos, em fundo, criam um clima obcecante que ajuda a compreensão da denúncia da má informação, capaz de manipular, alienando pela depressão, potencialidades que deveriam ser aproveitadas num sentido construtivo e humano.

Enquanto não é possível tal propósito, Armando Azevedo vai chamando a atenção do leitor manipulável, que todos somos, para a necessidade de obtermos resposta crítica para situações em confronto que envolvam a redescoberta de valores humanos fundamentais.

Afogados pela avalancha imparável da informação, é urgente emergir e procurarmos deliberadamente “alimentos frescos e naturais” tal como o fez simbolicamente Armando Azevedo nos momentos que antecederam a inauguração da sua “exposição”, melhor, da sua original vivência: Páscoa 1979 d.C.

Santos, João Plácido, ‘Armando Azevedo e a sua “Páscoa 1979 d.C.”, CAP’.

 (Livro de Atas de Armando Azevedo, s/d)

 

Será esta uma retrospetiva ou apenas uma marca mais vincada num percurso amadurecido, mas sobretudo é de um homem feito “D’EUS” que se fala. Um Homem que tem os meios ao seu dispor, mas que precisa saber selecionar e separar ‘o trigo do joio’, a verdade da mentira, o bom do mau. Tudo isto num caminho de ligação à própria condição humana, sempre numa ligação com uma memória que lhe confere a identidade.

Ainda que possa ser forçada a observação, atrevemo-nos a destacar os elementos em jogo, ou seja, se olharmos para a os textos bíblicos apenas temos referências de Jesus Cristo na infância e na sua fase adulta, sendo a morte e ressurreição os pontos máximos desta passagem pelo mundo. Em Azevedo, a sua Páscoa também nos remete para os mesmos períodos, as recordações da infância, os livros da primária e o pião, por exemplo, e depois esta fase adulta em que a sua posição é assumidamente construída à imagem e semelhança de “D’eus”.

Uma outra performance que merece destaque neste campo da ‘forma’ é a apresentação, na Praça da República em Coimbra, de “Ecologicamente”, aquando da ‘Semana Ecológica’ em 1977.

 

Entretanto, um outro trabalho colectivo “ECOLOGICAMENTE” viria possibilitar-me a utilização – visão de mais uma(s) hipótese(s) de acção de corpos multiplicados – e não apenas somados. Na Praça da República (Coimbra), um “ecologista” era atacado por vários “poluidores” que, atacando-o cada um à sua maneira, o desnudaram na sua própria poluição interna.

“Desmistificação… “mistificação”… desmistificação”… um processo colectivo que cada vez mais influiria no meu (individual) processo.

(Livro de Atas de Armando Azevedo, s/d)

 

Neste trabalho, existe um ecologista que é ‘atacado por vários poluidores’ e ‘o desnudaram da própria poluição interna…’. Tudo está poluído, ninguém está imune à poluição, porque esta está condicionada pelo meio ‘ambiente’ envolvente. Nem mesmo o ecologista, apesar de uma aparência externa, consegue passar sem que seja interpelado. Nem só o visível, nem só o corpo na sua parte externa é… há muito para lá do visível que, não sendo facilmente alcançável pelos sentidos, vai-se ‘desfardando’ de uma imagem que cultiva na aparência, mas que foi ‘poluída, corrompida, adulterada…’ no seu interior.

 

Cores

Na performance que deriva da arte plástica, a cor é das temáticas mais exploradas. Em Armando Azevedo não é diferente, a maioria das suas performances, individuais ou colectivas, estão relacionadas com a cor e com o significado que cada uma vai representar, chegando mesmo à ‘obsessão’ total, o que diríamos, ao esgotamento de todas as capacidades na exploração dessa cor em análise, em confronto, em diálogo permanente entre o artista e o espectador.

Se percorrermos a história da performance, encontraremos, por exemplo, um Yves Klein para quem “pintar era ‘como a janela de uma prisão em que as linhas, os contornos, as formas e a composição são determinadas pelas grades'” [9], mas que vem a ser libertado desta visão com a sua carreira monocromática, onde vai explorar principalmente o ‘azul’. Neste performer, que olhava a arte como “uma concepção de vida, não se resumindo a um pintor com um pincel dentro de um atelier” [10], salientamos a sua brilhante conclusão que afirma “…que não precisava, de modo algum, de pintar a partir de modelos, jovens um pouco confusas com as instruções do artista, mas sim com eles”, o que o levam a pintar os corpos das suas modelos de ‘azul perfeito’ e lhes pede que pressionassem os seus corpos nas telas, o que fazia com que a obra se consumasse à sua frente [11]. Sem dúvida, esta era uma ‘provocação’ ao estereotipado atelier, que acolhia calmamente o seu artista.

A cor azul, ainda que não seja a principal obsessão, o que discutiremos adiante, também se afigura como uma das mais trabalhadas por Armando Azevedo. Também ele tem uma janela, também ele está ‘aprisionado’ por umas linhas, mas que se vão unificando ou ganhando maior entendimento à medida que este, adjuvado por seus semelhantes, a eleva e a coloca, em seguida, em plana sintonia com o céu e a terra (mar). Ambos formam uma só imagem, ambos transformam a visão e o próprio mundo, porque unidos formam apenas uma só cor, o azul.

Ali, sem mais nenhuma perturbação, ficou unido o céu e a terra em plena sintonia, transmitindo a força intrínseca do universo, naquele azul em unicidade.

 

Armando Azevedo, Performance “Janela”, III Encontros Internacionais de Arte em Portugal, Póvoa de Varzim, Agosto de 1976

 

Em Agosto de 1976, na Póvoa de Varzim, jogando a favor, contra ou apesar da minha – com o Grupo Puzzle – constante actuação sobre as actividades dos “Terceiros Encontros”, apareci na praia, no sector mais frequentado, carregando uma enorme janela cujos “vidros” se distinguiam uns dos outros pela maior ou menor transparência (ou opacidade) dos “véus/cortinados”. Junto das ondas rebentando a meus pés, fui erguendo a janela, com esforço, olhando o mar e o céu através de cada um dos “vidros”. Os outros elementos do Grupo Puzzle rodeavam-me e, quando eu, quase exausto, mal conseguia aguentar o peso da janela, vieram segurá-la e cada um deles, a seu tempo, rasgou um bocado dum dos “vidros”. O último bocado desse “vidro”, rasguei-o eu, vestido agora como puzzle, podendo então cada um de nós Rever um céu e um mar que o nosso olhar TRANSFIGURARA.

As relações, interferências e influências do meu/nosso trabalho creio terem estado evidenciadas naquela intervenção sinteticamente mencionada na imprensa: “Sábado, houve uma intervenção extraordinária de Armando Azevedo, na praia, junto ao mar, com o Grupo Puzzle. Construção e desconstrução do trabalho colectivo do artista, simbolização das dificuldades de trabalho colectivamente e do desejo real de o fazer”.

in Armando Azevedo, Livro de Actas s/d.

 

Tendo Armando Azevedo e os grupos em que se insere uma proposta socializadora nas propostas que apresentam, dos muitos trabalhos, selecionamos mais um dos seus jogos de cores (“redoma”) apresentado em ‘Homenagem a um 25 de Abril’ no decorrer do ano de 1977, na Praça da República em Coimbra.

Para uma melhor visualização desta proposta, à qual nos socorremos das palavras de António Barros, salientamos a intenção sempre presente de uma análise crítica à sociedade e ao que nesta lhe é inerente como a política, que renasce das cinzas de um poder ditatorial para um novo mundo, um tempo que merece ser construído com modelos disciplinados.

 

Armando Azevedo no seu objecto de Arte Pública recorria a substâncias de transparência suficiente para que os materiais observados resultassem com uma conotação particular. Ou seja: olhando através de uma superfície em cortina de malha amarela, os materiais (aqui reproduções de jornal do dia 25 de Abril testemunhando a presença e cumplicidade do autor no “golpe” militar), surgiam na leitura amarelados. Olhando pela face agora de cortina azul, surgiam azulados. Pela face vermelha, avermelhados. E pela face preta, negros. O objecto era um paralelepípedo, dois cubos sobrepostos. O da base, opaco, revestido a papel de jornal. O superior lembrava uma gaiola, ou até um armário de cozinha para guardar carnes fumadas, isto visto as faces serem revestidas a rede de tule, cada uma da sua cor. O objecto sarcástico trazia até um certo humor pouco inocente. Mas sempre lúdico e aprazível como quem queria dizer – Eu estive lá em tempo real, mas agora que esse tempo passou, apenas resta o testemunho da memória e o seu desenho. Vejam se quiserem ver, do modo e com a leitura que pretendam. Nunca será mais que uma leitura sempre comprometida, individualizada, conotativa. Mas não façam de mim um fumado. Finado.

Passando a ironia, obriga referir que este objecto sinérgico de Azevedo inscrevia já as linhas mestras, premonitórias, do que viriam a ser as coordenadas norteadoras do Grupo Cores. Certamente a continuidade desta relação e exploração grupal era já um latente propósito, mas na verdade não era ainda explícito serem as três intervenções destes elementos do CAP o Grupo Cores. [12]

 

Na verdade, Azevedo, que deixa o objeto tornar visível o invisível, está lá representado e comunica com o público. Este coloca-o à disposição do espectador, num mesmo espaço, um mundo ‘colorido’, mas que permite apenas a visualização de uma só cor, aquando da aproximação, com obsessão em relação a cada uma das cores. São as cores em dialética, o que se encontra também noutros trabalhos plásticos, que se movem na exploração de um tempo verdadeiramente necessário, mas que precisa de uma orientação unificadora, apesar das diferenças existentes.

Contudo, o artista esteve presente na transformação, conhece bem as diversas passagens e as mais variadas perspectivas em questão, mas não faz mais do que uma apologia a esse tempo, a essa etapa, que presenciou e se ‘recorda’ com todos os sentidos e em todas as perspectivas, o que nos afigura naquele objeto policromático.

 

No Museu de Arte Moderna em Paris, numa atitude completamente hipnótica, surge o performer Amando Azevedo agora carregado com uma mala, onde os objetos permitem o diálogo com as cores e, todos, disciplinadamente, permitem olhar o horizonte e ver um superior, um ‘deus’.

Assim, a convite de Jean-Jack Lebel, Azevedo propõe um diálogo com as cores, que vai elevando e exaltando cada uma em particular, em múltiplas perspectivas, configurando-se com um espaço envolvente. É o cosmos que está em questão, através da visualização de pontos distintos, ou seja, há uma pessoa que se apresenta de cima, lado, esquerda, direita… sem dúvida, uma aproximação a ‘Deus’.

Quem consegue ver tudo? Quem consegue saber tudo? Deus! Armando Azevedo é esse Deus ou “D’eus” (preferivelmente), que pede vivas a si próprio. Uma exaltação com gritos “Vive Armando Azevedo”, certamente que não é o Deus humilde que se nos apresenta, mas é o “(vi)ver”, como o próprio afirma, das cores. Aqui, sugerindo uma visão global de observar o mundo num todo.

 

Armando Azevedo, Performance no Museu de Arte Moderna de Paris, Paris, Janeiro de 1980

 

Uma tela única sobre a parede branca. Em frente, o artista, voltado para o público. Um livro. Ovos coloridos. Um objecto esférico (uma laranja?) recoberto de nuvens. Uma venda translúcida sobre os olhos… amarela, azul, vermelha… com nuvens… Chamo-me Armando Azevedo… viva Armando Azevedo… digam comigo: viva Armando Azevedo…

Lavrage, Abril de 1980, Egídio Álvaro

 

Almada e o Porto receberam intervenções extremamente obsessivas. Na primeira é com o ‘vermelho’, a sua cor de maior obsessão, que entra em diálogo com os espectadores. São quatro as performances realizadas, nesta mesma cidade, e sempre na exploração da cor púrpura levada à exaustão.

O diálogo mantém-se em perfeita sintonia ideológica entre o performer e a própria cidade, em que ambos parecem comungar de um culto político de uma vertente socializadora.

A intenção de marcar um trajeto ou, melhor, colocá-lo em discussão, num período ainda conturbado pela surpreendente liberdade, levada a extremos. Assim, merecia oferecer, pela arte e pelo constante diálogo interno, um caminho mais culto, mais promissor, que olhasse um horizonte e construísse um mundo mais justo, mais humano e sobretudo mais ‘igual’, este impunha verdadeiramente o ‘vermelho’. Essa era a intenção, pensamos, de uma obsessão tão forte, tão vincada pelo vermelho, que está em todo o lado desta vida quotidiana. A comida vermelha, um percurso marcado a vermelho, a festividade, as pétalas lançadas sobre si mesmo e o próprio sangue que permite pintar a tela, um quadro, uma obra de arte, tudo é vermelho.

 

Armando Azevedo, Performance (obsessão pelo vermelho) no Festival Arte Viva de Almada, 1981

 

Em Almada, expus-me quatro vezes em acção, sempre na mesma obsessão pelo vermelho, acompanhado, em duas ocasiões, pela rubra mulher-sombra. Pintei “magicamente” em vermelho com as mais diversas “tintas” dessa cor, nomeadamente o sangue de uma galinha (artificialmente) vermelha que (fazendo das tripas, coração) consegui ritualmente matar como experiente cozinheiro. Num dos jantares, destacando-me em exagero de vermelho, comi e bebi apenas coisas vermelhas, insolitamente vermelhas. Confetes, pétalas de cravos e perfumes vermelhos caíram sobre mim, em catadupas. Quando “paramentado” de vermelho, eu, litúrgico, beijava tudo o que se me apresentava dessa cor.

Apontamentos de Armando Azevedo, Coimbra, 24 de Junho de 2010

 

Depois de comunicar através da sua verdadeira obsessão, o vermelho, no Espaço Lusitano – Porto, Armando Azevedo apresenta-se numa outra obsessão, agora é a monocromia do ‘azul’, é o azul de uma cidade coberta e conotada pelo ‘azul’, onde se pensa em azul, se vive em azul, se veste azul e, mesmo, o céu e o mar são revestidos a azul. Este é o conceito que definiu a cor desta cidade, por isso também Azevedo se alimenta de comida e bebida de cor azul, é presenteado por pétalas em azul e pinta uma tela, também com o sangue de uma galinha, em ‘azul’.

Os motivos inerentes à performance começam claros na escolha do azul para esta cidade do Porto, motivo desportivo que rivaliza com as cores da capital, no entanto, ainda que tudo se mostre alienado pelo azul e se acredite até no sangue azul, o certo é que é aqui que melhor se define a verdadeira condição humana e, na nossa opinião, esta apologia/ obsessão pelo azul é a que consegue abanar as consciências de uma elite, que se vê reduzida a igual condição dos mais mortais, mas também, está aqui representada a própria filosofia do artista invocada pelo vermelho de Almada, porque coloca o indivíduo no mesmo patamar, ao questionar a sua identidade.

 

No “Espaço Lusitano” (Porto), criação do Albuquerque Mendes e Gerardo Burmester, eternos Companheiros, foi a obsessão do azul, nomeadamente em bebidas e comida (difícil ingerir, confesso), queda de pétalas de hortênsias azuis, e uma pintura azul inclusive com o sangue de uma galinha puramente azul, mas… afinal (oh, desilusão!) não de sangue azul.

Apontamentos de Armando Azevedo,

Coimbra, 24 de Junho de 2010

 

Palavra (Colagens/ Acaso)

Este tema que agora vamos explorar, a ‘palavra’, requer alguma explanação inicial, ou seja, se até aqui falamos de performances em que o performer/artista esteve sempre representado fisicamente, agora, em algumas performances/intervenções, permitem dispor de uma outra perspectiva, ele continua lá, mas numa posição junto ao espectador, como acontecera com Klein, como já referenciamos em cima, vemos isto através da representação da sua figura ou molde em silhueta.

O jogo agora é diferente. Há o jogo de um ‘acaso?’ de letras que deixam de o ser ao ganhar significado na sua junção e construção de palavras, de significado. Aquilo que não passava, antes, de colagens sobre colagens, em que as múltiplas publicidades ganham e perdem força mediante a sua imposição, agora, nas formas de uma cabeça, as palavras ganham sentido e juntas formam o pensamento do artista.

 

Cartaz “Armando Azevedo expõe – Galeria CAP. 14 a 30 de Jan 75, Tardes e Noites. Círculo de Artes Plásticas”

 

Uma intervenção urbana acompanharia esta exposição (Jan. de 1976): Cartazes anunciadores da abertura e colóquio, com um corte central formando o perfil da minha cabeça, espalhei-os pelas paredes da cidade, que na altura estavam saturadas de publicidade política, religiosa, comercial… Conforme o lugar onde se colavam os cartazes, as minhas cabeças preenchiam-se da respectiva publicidade.

“No meio da amálgama da propaganda nas paredes, vemos a imagem da nossa cabeça lá reflectida”.

“A escrita colectivizante (com palavras e imagens massificantes) molda a cabeça dum indivíduo (moldando-lhe o pensamento, o gosto, o olhar…)”.

Exemplo duma “escrita” individual jogando sobre diversos tipos de escrita colectivizante. [13]

 

Na Galeria Diagonale, Paris, Armando Azevedo apresenta ‘La Vie’. Um trabalho onde há um jogo entre o acaso das palavras massificantes e palavras que são jogadas no percorrer das letras que a compõem. Letra a letra, palavra a palavra, já no seu significado, permitindo ver, uma após outra, o que a constitui no seu todo, observando a ligação, o conceito, o performer e os espectadores, ambos envolvidos na mesma missão de encontrar cada vocábulo, o monema, seguido da reprodução do seu som, dão significado ao significante.

 

Armando Azevedo, Performance ART na Galeria Diagonal, Paris, 1980

 

Uma sala rectangular. Telas nas paredes, jornais amarrotados no chão… o artista afasta os jornais, procura… uma letra. Outra. Outra ainda. A.a. Um grito: aa. Depois, R.r. Mais longe T.t. Os gritos, sempre. A.R.T. Por fim, um E.e. Arte. Viva Armando Azevedo. Digam comigo. Viva… E o público aplaude. Por fim, uma tela/tapete no chão. Nuvens, cartas, piões, bolas…

Lavrage, Abril de 1980, Egídio Álvaro

 

Na ‘Minha Coimbra deles’ dá-se o início de outro processo de intervenção utilizado por Amando Azevedo, a colagem, que referimos não por se tratar de uma performance como as mais convencionais, mas porque nos surge necessário referir e exemplificar que até nos seus trabalhos de arte plástica ‘há sempre uma intenção performativa’.

A ‘Minha Coimbra deles’ é a colagem de jornais massificados, de palavras, mas as palavras que estão enquadradas num tempo e num espaço concreto, é a cidade de Coimbra que reveste os mais comuns objetos utilizados no dia-a-dia.

 

Armando Azevedo, Minha Coimbra deles, CAPC, 1973

 

Na “Minha Coimbra deles”, o visitante entrava numa sala completamente revestida de jornais: chão, tecto e paredes, incluindo portas e janelas revestidas a jornal. O interior de um enorme embrulho de papel de jornal (visto, evidentemente, por dentro). Dentro, todo o mobiliário e objectos de vara ordem estão envolvidos também em jornal. Os pedaços de jornal são colocados aos objectos deixando-lhes a forma volumétrica. Todos os objectos são, pois, identificáveis: uma secretária com um livro de estudo, cinzeiros com pontas de cigarros, carteira de fósforos… uma cadeira; sacos e objectos variados; uma estante com livros e revistas, uma pasta de estudante, cachimbo, agenda; bancos; uma mesa de refeições com prato, tijela, garrafa, talheres, copo, um pão…; uma cómoda com rádio, garrafa, caneca… Nas paredes, quadros e um relógio. No chão, uma bacia e uns sapatos.

Todo este quotidiano coimbrão envolvido em jornal. [14]

 

Ainda sobre esta técnica da colagem em Armando Azevedo e para salientar os elementos lá inseridos, destacamos as palavras de Guillermo Gómez-Peña: “…colecciono figurinos fora do vulgar, souvenirs, bugigangas e trajes ligados à minha cosmologia, na esperança de que me possam um dia a ser úteis para uma peça. É a minha arqueologia pessoal que data desde o dia em que nasci. Com ela, onde quer que vá, construo altares para me enraizar. Estes altares são tão eclécticos e complexos como a minha estética pessoal e como as minhas muitas identidades compostas” [15].

A partir destas palavras, logo nos relembraram algumas das intervenções artísticas, quer plásticas quer performativas de Armando Azevedo. Também ele, Azevedo, tem os seus próprios objetos, a sua coleção pessoal ligada à religião, à política, ao mundo. E, com eles, vai construir objetos artísticos e coloca-os à disposição dos espectadores, num diálogo constante, permitindo que se ‘sentem’ na ‘cadeira’ que melhor se revejam representados e, assim, a obra e o espectador realizam a consumação do objeto artístico.

 

A cobertura-pintura iria agora (1975-76) utilizar dez cadeiras e bancos como suporte. Múltiplos assentos, cada um revestido da sua carga, apresentavam-se à escolha dos adeptos da religião, política, pornografia e (ou) erotismo, das plateias do teatro e cinema, da música, dos futebolistas, das fotonovelas, da publicidade, dos cowboys… Aqui o embrulho-pintura diversificava-se, possibilitando (quase) todas as opções mitificadas. A variedade dos assentos denunciava uma expectativa de acção colectiva dos visitantes – o que não deixou de acontecer. [16]

 

Conclusões (breves)

Conforme indicação na introdução ao artigo, aqui apenas estão representadas algumas das performances de Armando Azevedo, no entanto, sendo o propósito final a apresentação do artista e uma breve investigação das áreas de intervenção, pensamos que as mesmas foram exploradas e analisadas permitindo um conhecimento perspectivado sobre a sua obra.

Claramente, a década de 70 foi o apogeu da performance em Portugal e daqui para outras partes do mundo, onde a representação foi acompanhada pelos maiores nomes da performance mundial. Neste sentido, podemos dizer que Armando Azevedo foi um dos artistas portugueses que mais marcaram essa geração e, por isso, as suas intervenções foram requisitadas para simpósios, exposições e performances, a convite dos maiores nomes internacionais como Orlan e Jean-Jacques Lebel.

No vulto da sua obra, dá-se destaque à ‘palavra, cor e forma’, num diálogo constante com a linguagem plástica, mas principalmente com um público/espectador, porque esse é o verdadeiro objetivo da performance, ou seja, o ato da comunicação. Os temas oscilam mediante o local, mas mantêm-se continuamente numa linha de intervenção social, alertando para a necessidade de uma abertura ao conhecimento, mas não no seu sentido massificado, antes na seleção pormenorizada da construção do mesmo. Ao mesmo tempo, é apontada a ‘recordação’ que permite chancelar a identidade individual (Pãques 79), para que não se verifique uma ‘poluição’ interna, porque essa tem de ser eliminada (ecologicamente). Ao mesmo tempo, tendo uma visão de várias perspectivas (Homenagem ao 25 de Abril), é necessário escolher a cor preferida, mas respeitar a policromia dos ‘objetos’, porque o mesmo acontece com as ‘palavras’, que vão preenchendo a ‘cabeça’ de cada um e lhe moldam o pensamento, a mente (colagens, intervenção urbana), mas só ganham significado quando permitem uma total liberdade crítica sobre as coisas.

Na verdade, podemos concluir que Armando Azevedo, que disse “vejo-me utopicamente num eu coletivo, multiplicando-me ubiquamente em perspectivas, sonhando-me (um) ser d’eus” [17], colocou à discussão a sua própria condição humana, revisitando-a desde a infância, elevando-a em adulto, deixa bem claro que a (sua) vida é feita de ‘eus’, é conseguida na junção de múltiplas passagens, individuais e coletivas, mas construída de uma forte e determinada posição social, política, cultural e artística, ou seja, um verdadeiro homem feito “d’eus”.

 

Notas

[1] Apontamentos de Armando Azevedo, Coimbra, 24 de Junho de 2010. Cf. Metello, Verónica, «notas para uma cronologia», (Revista) Marte N.º 3 (2008), Tema: “De que falamos quando falamos em Performance”, pág. 73: Com o despontar da década de 70, inaugurou em Óbidos a galeria Ogiva onde Ernesto de Sousa fez a sua Provocação em nome de Joseph Beuys. Como ponto de confluência, o acontecimento serviu uma relação futuramente prolífera, traduzida na colaboração entre Ernesto de Sousa e o Círculo de Artes Plásticas de Coimbra.

[2] …os anos setenta pautaram-se por uma abertura – inclusivamente do ponto de vista político e social, com a revolução de 25 de Abril de 1974 e a consequente derrocada da ditadura – de todo um rol inédito de possibilidades de criação e perspectivas de renovação. Cf. NOGUEIRA, Isabel, <http://www.artecapital.net/opinioes.php?ref=90>.

[3] NOGUEIRA, Isabel, <http://www.artecapital.net/opinioes.php?ref=90>.

[4] GOLDBERG, Roselee. A Arte Da Performance – do Futurismo ao Presente, Orfeu Negro, pág. 9.

[5] Cf. Apontamentos de Armando Azevedo, Coimbra, 24 de Junho de 2010: … levei o mesmo de espírito de coletivismo e os performáticos jogos de palavras, formas e cores.

[6] GÓMEZ-PEÑA, Guillermo, «em defesa da arte da performance», (Revista) Marte N.º 3 (2008) – Tema: “De que falamos quando falamos em Performance”, pág. 23.

[7] Ibidem, pág. 25.

[8] OLAIO, António. Recordações em saldo, Armando Azevedo – Recordações Imaginárias, CAPC 2008, pág. 7.

[9] GOLDBERG, Roselee. A Arte Da Performance – do Futurismo ao Presente, Orfeu Negro, pág. 181.

[10] Ibidem, pág. 182.

[11] Ibidem, cf. pág. 182/3.

[12] Barros, António. “Genoma” do GRUPO CORES, Junho 2007.

[13] Armando Azevedo, Livro de Actas (s/d).

[14] Armando Azevedo, Livro de Atas (s/d).

[15] GÓMEZ-PEÑA, Guillermo, «em defesa da arte da performance», (Revista) Marte N.º 3 (2008), Tema: “De que falamos quando falamos em Performance”, pág. 29.

[16] Armando Azevedo, Livro de Atas (s/d).

[17] Apontamentos de Armando Azevedo, Coimbra 24 de Junho de 2010.

 

Bibliografia

Dissertações:

SOUSA, Pedro Miguel Teixeira. A Obra Performativa de Armando Azevedo (Volumes I e II), Coimbra, 2011 (Tese de Mestrado apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, UC Biblioteca Geral – cotas: 10-(1)-6-24-27 Vol. 1; 10-(1)-6-24-28 Vol. 2; CD-A-2375). Disponível em: <http://hdl.handle.net/10316/20213>.

AZENHA, António Joaquim Gaspar. Círculo de Artes Plásticas e a génese do grupo PUZZLE, Dissertação de Mestrado em Comunicação Estética, EUAC, 2008.

 

Livros:

Livro de Actas de Armando Azevedo, s/d.

CAPC, Armando Azevedo Recordações Imaginárias, 2008.

AZENHA, António Joaquim Gaspar. Círculo de Artes Plásticas e a génese do grupo PUZZLE, Dissertação de Mestrado em Comunicação Estética, EUAC, 2008.

GOLDBERG, Roselee, A Arte da Performance – do Futurismo ao Presente, Orfeu Negro.

 

Sites:

http://www.artecapital.net/opinioes.php?ref=90

http://www.ernestodesousa.com/?p=102

http://www.ernestodesousa.com/?p=99

http://pt-performance.blogspot.com/

 

Revistas:

Sinais de Cena n.º 4 (2004). Tema: “Performatividades”. Disponível em: <http://loja.campo-letras.pt/prod_details.php?categid=136&productid=1197>.

Marte N.º 3 (2008). Metello, Verónica, «notas para uma cronologia», Tema: “De que falamos quando falamos em Performance”.

 

Pedro Miguel Teixeira Sousa | Natural de Fafe – Portugal

Licenciatura em Línguas e Literaturas Clássicas e Portuguesa (2003) e Línguas e Literaturas Clássicas e Portuguesa – Ramo de Formação Educacional (2004), Pós-Graduação em Teatro Clássico e sua Recepção (2005) e Mestrado em Estudos Artísticos – Especialização em Estudos Teatrais e Performativos (2012) pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Professor na Escola de Artes de Coimbra (ARCA-EAC) e professor requisitado na ARCA-EUAC. Colaborador na Imprensa Escrita desde 2000, autor de diversos sites e blogs visíveis a partir de: http://pedromiguelsousa.blogspot.com. Diretor Artístico da Associação CLUB ALFA (www.clubalfa.pt.vu) e autor do site www.armandoazevedo.pt.vu.

 

 

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